O Gabinete de Atendimento à Família (GAF), ao longo destes 18 anos de serviço da devolução de cidadania aos mais excluídos, vem realizando, ininterruptamente, este evento cultural e científico mobilizando especialistas das várias áreas de investigação e intervenção das Ciências Sociais e Humanas que se disponibilizam para prestarem graciosamente este serviço de extensão à comunidade.
O GAF foi configurando, ao longo do tempo, a sua marca na qualidade técnico-científica das suas práticas –– aliás, amplamente reconhecidas pelo peritos nacionais e internacionais –– nas várias valências em que presta serviços, elegendo sempre como alvos privilegiados de intervenção os grupos mais tipificadores da exclusão social: jovens/adultos sem projectos de vida provenientes de famílias desestruturadas, pessoas em situação de sem abrigo, consumidores de substâncias, infectados de HIV/SIDA, mulheres vítimas de violência, desempregados de longa duração, famílias em situações reais de pobreza estrutural (económica, emocional e social) …. Por isso, organiza todos os anos estas jornadas de estudo como oportunidade de reflexão e questionamento das suas práticas, através do contributo de olhares distanciados de especialistas, para que o serviço prestado tenha potencial de desenvolvimento e de empoderamento dos seus utilizadores.
Estas XVIII Jornadas, organizadas sob a responsabilidade da equipa de Unidade de Apoio à Toxicodepência (UAT), têm como temática geral: ”Vidas (Sem) Abrigo. Uma abordagem transversal à toxicodepência”. Num momento histórico social marcado pela incerteza e a imprevisibilidade, onde a falta de oportunidades de trabalho são cada vez mais escassas; o desemprego vai aumentando para índices históricos preocupantes, inviabilizando ou adiando a construção de projectos de vida das gerações mais jovens; o estado social parece ter entrado em colapso; as comunidades, indivíduos e famílias sentem fortes constrangimentos para viabilizarem as suas vidas, correndo riscos de se aproximarem dos limiares da pobreza e da exclusão. Esta conjuntura social pode levar a situações crescentes de pequena ou grande criminalidade como forma de indignação social e de sobrevivência pessoal e familiar.
Pela relevância social da temática, pela presença confirmada dos melhores especialistas do domínio de investigação e intervenção no consumo de substâncias tóxicas e na criminalidade associadas às mesmas, estou convicto que está garantida a excelência de mais esta iniciativa, constituindo-se, do meu ponto de vista, um dos maiores eventos científicos realizado no Distrito de Viana do Castelo neste ano de 2012.
Viana do Castelo, 5 de Março 2012
P. Carlos Manuel Gonçalves
• Explorar as vivências de pessoas em situação de sem-abrigo, entendendo as suas perceções face à sua condição, fatores precipitantes e de manutenção da situação;
• Aprofundamento de conhecimentos acerca do impacto/papel das drogas ilícitas no sistema prisional português;
• Refletir e tomar posição acerca da experiência portuguesa em relação à descriminalização do consumo de drogas;
• Explorar os constrangimentos vividos pela família do toxicodependente, bem como o impacto da problemática nas várias dimensões do sistema familiar;
• Avaliar e aprofundar conhecimentos acerca das especificidades da toxicodependência na mulher, bem como as repercussões nos seus diferentes papéis sociais.
• Aumentar conhecimentos acerca de diferentes eixos estratégicos no combate às toxicodependências.
• Levar a sociedade civil à confrontação e reflexão acerca da discriminação e das vidas sem abrigo usando como veículo bonecos de rua que representarão esta realidade;
• Promover, nas camadas mais jovens, nomeadamente população estudantil, a consciencialização acerca das desigualdades sociais e, por consequência, o seu papel ativo no combate às mesmas;
• Transportar a comunidade envolvente a refletir, através de diversas expressões artísticas, à tomada de consciência acerca da problemática da toxicodependência, bem como ás diversas manifestações do seu impacto nos indivíduos e famílias afetados.
• Promover e responsabilizar os indivíduos no combate ativo à exclusão social.
Estudantes e profissionais das áreas da Psicologia, Serviço Social, Sociologia, Educação (educadores de infância, professores e assistentes operacionais),Enfermagem, Medicina, Direito; Pessoas afetadas ou preocupadas com a problemática da toxicodependência e exclusão social; Pais e outras pessoas interessadas nas temáticas a abordar.